terça-feira, 15 de setembro de 2009
Ligação
São 5:40 da manhã e o celular toca:
- Alôôôôô cherry! Tudo bom com a senhorita?
É, ele está completamente bêbado, diga-se de passagem.
- Em quanto tempo você consegue estar na minha casa? Eu pago o táxi.
Silêncio. Ela respira fundo e lembra-se de todas as incontáveis vezes em que ligou bêbada e implorou para ir na casa dele; e ele disse não. Respira novamente e responde:
- Em uma hora.
Ônibus. Metrô. Baldiação. Metrô. Táxi.
E lá vem ele, usando meias e chinelo. Bêbado e perfeito.
- Porque você está tremendo? Está com frio?
Ela treme pela maldita ansiedade. Porque o desejo é maior que seu próprio corpo. Porque o juizo saiu correndo a muito tempo.
- Eu já fico melhor...
E ela ficou. Porque beijos se transformaram em êxtase frenético em menos de cinco minutos. Porque quando menos se espera, seus joelhos estão dobrando pra dentro e ela se controla para não gritar. Porque não existe a menor lógica em se manter vestida ali. Porque ele repete o quanto não consegue parar e o quanto tudo aquilo é ótimo.
Ele range os dentes enquanto dorme, e ela observa a luz entrar pela janela trancada.
Tem o mau humor estampado ao acordar. Tem o banho rápido enquanto ela se veste.
E se tem, roupas jogadas ao lado do sofá enquanto ela simplismente, não consegue parar.
Café gelado. Aquele pão de queijo tão gostoso! Suco de laranja.
Jogos para distrair e rir. Sim, porque ele riu com as setas coloridas.
No caminho para o metrô acontece um momento que está preso na memória.
Enquanto toca a música sobre 'pressentimento de uma boa noite' ele atende uma ligação.
E ele fala em castelhano!
Pela primeira ela não ficou triste com a despedida.
Ela sorriu por ter tido uma manhã tão... agradável.
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Você consegue falar de uma forma tão bonita do cotidiano. Isso é poesia.
ResponderExcluirSim, amo quando você escreve essas coisas.
Obrigada por estar comigo quando preciso de você. Te amo!