terça-feira, 14 de julho de 2009

Gigantes

Amanheceu o pensamento, que vai mudar o mundo com seus moinhos de vento. Se você não pode ser forte, seja pelo menos humana.


O taxista apenas perguntou uma vez.
- E vocês vão visitar alguma amiga lá?
- Não.

Podia muito bem tê-la chamado de garota do nariz arrebitado. Como eram longos seus cabelos negros! Um sorriso inocente que nunca entendeu frases maliciosas. Olhos que apenas viam a mulher que ela a amava. Mas não é sobre condição sexual que quero contar.

É sobre o amor de um jeito que não entendi no começo. Que realmente existem as pessoas trocam o jeito que sua vida é, por amor.

Posso exemplificar sua vida aos 17 anos. O pai busca e a leva em todo lugar, e nunca depois das 11 horas da noite. Estuda no melhor colégio da cidade e mora num apartamento que fica naquela avenida famosa sabe? Colecionava viagens e roupas.

A menina cobiçada no colégio, com uma beleza de fazer o seu pulso acelerar abriu mão disso tudo. Ela fugiu disso tudo pra estar com quem ama.

Sim, essa parte eu até consigo entender. Consigo ver pessoas fazendo isso e sendo completamente felizes. O que me trás de volta ao começo.


- Olha moço, você pode me deixar aqui pegar o dinheiro da corrida. Ou dar duas voltas com o taxi na ponte e ganhar mais uma nota dessa.
Ela tirou aquela nota azul, novinha do bolsa e jogou no colo dele.

Aonde estava a menina inocente que jamais levantou a voz para o professor no colégio? Ela está na entrada da favela, pagando mais de duzentos para o taxista esperar enquanto ela entra lá.

- Narizinho, eu não entendi uma coisa.
- Pode perguntar.
- Você não gosta, não te afeta de maneira nenhuma, eu notei.
- É, realmente é assim.
- Então, porque estamos aqui dentro a essa hora?

Ela olhou pro muleque de roupas de grife, chinelo velho e boné e respondeu:

- É aquele ali.

Ela estava séria, com um olhar frio. Não disse nada, apenas entregou uma outra nota, com uma outra cor, e pegou de volta aqueles gigantes de moinhos de vento. Deu meia volta e andou na direção de onde viemos.

O taxista estava lá na mesma entrada, com as mãos agarradas no volante. Eu vi suor em seus rosto, mesmo naquela manhã gelada de céu completamente nublado.

- E agora moça?
- Volta aonde você nos pegou. Mas antes pare em alguma padaria no caminho - ela olhou pra mim e disse - Eu preciso comprar algo para ela comer também não é? Quando ela conseguir comer algo... E você deve estar com fome.
- Eu estou, com muita na verdade! Você não está?
- Um pouco, só quero voltar logo. Olha, a melhor explicação que posso te dar sobre isso é uma só: Eu a amo.
- E é por ama-lá que viemos aqui?
- Você veio porque é a melhor amiga que tenho, e eu sei que jamais me deixaria sozinha. Eu, porque prefiro vir aqui busca-lá, do que deixa-lá vir. É melhor eu estar junto com ela, do que ela por ai, sabe Deus fazendo o que pra conseguir. Melhor entrar aqui para buscar isso, do que ela.

O Táxista ficou calado, e eu também. Eu só segurei a mão dela e olhei pela janela a cidade começando a acordar, enquanto nós estavamos preocupada com uma garota que estava a muitas horas sem dormir.

Um comentário:

  1. Nossa muito muito muitoooooo boa a história, faz vc se apaixonar...ou melhor, faz vc querer se amar mesmo saka! muito linda e ainda um toque triste, non sei pq mas eu sinto algo triste quando li :/

    adorei, adoro seu jeito de escrever vc sabe né!

    te amo <3

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